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Tropicalismo: grande sensação cultural de 1968

Cultura vigiada
novembro 2, 2018
CNV
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T ropicália foi um movimento cultural que se inscrevia numa vertente da tradição modernista brasileira, a partir da concepção de antropofagia oswaldiana que formava uma perspectiva cultural distinta da arte engajada do período. Era um ramo do modernismo com teor nacionalista ligado a Mário de Andrade que combinava forma e conteúdo com canções, expressando protesto e diversas críticas políticas e comportamentais.

O termo “Tropicália” advém de uma obra do artista plástico Hélio Oiticica, montada em uma exposição no museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro em 1967 que inspirou a composição homônima de Caetano Veloso. Hélio Oiticica elaborava uma espécie de inventário do que era ser brasileiro, que Caetano Veloso transformou em um conjunto de imagens que representava o Brasil.
O Tropicalismo retomava a concepção de antropofagia de Oswaldo de Andrade, do final dos anos de 1920, como forma de criar e sintetizar a partir de contrastes. Então, o artista surge como um antropófago que, ao deglutir elementos estéticos potencializa sua capacidade criativa.

As origens desse movimento ocorreram com o Festival de MPB da TV Record de São Paulo ocorrido em 1967 com a apresentação das canções Alegria Alegria, de Caetano Veloso e Domingo no Parque, de Gilberto Gil. Eram canções que abordavam elementos poéticos e musicais e se diferenciavam da tradição da MPB, sendo que o arranjo rompia com as tradições, trazendo um elemento eletrificado com guitarra, baixo, teclado e bateria. A banda de rock Os mutantes acompanhava Domingo no Parque, de Gilberto Gil.
Contudo, o acontecimento fulcral do Tropicalismo foi o lançamento do disco intitulado Tropicália ou Panis et Circensis. Era uma fusão com colagens musicais e poéticas que problematizava correntes culturais, estéticas e ideológicas. A música brasileira dialogava de forma direta com a música internacional e as vanguardas pop, realizando uma leitura desconstrutiva e crítica, ligando a contracultura nos anos de 1960. Era uma síntese que reforçava um tripé entre arte, vida e política em tempos de ditadura no Brasil.

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