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Golpes em outros países da América do Sul

Memória e História
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O que é Memória?
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O s regimes ditatoriais estabelecidos na América Latina, especificamente no Cone Sul, situaram-se sob a égide da Doutrina de Segurança Nacional em uma conjuntura intensamente marcada pelo pano de fundo da Guerra Fria. Portanto, entre os anos de 1950 e 1970 foram deflagrados golpes de Estado que interromperam os governos democráticos em países que apresentam uma tradição autoritária com sucessivos golpes, como no caso do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

O resultado exitoso da Revolução Cubana em 1959 e a aproximação do país com a URSS durante a Guerra Fria impulsionou os Estados Unidos juntamente a grupos simpatizantes das ideias liberais, como grandes empresários nacionais e estrangeiros, a apoiarem golpes de Estado na América Latina. Portanto, existia um grande receio de que o exemplo de Cuba fosse seguido pelos demais países do continente em tempos de Guerra político-ideológica entre as forças comunistas e capitalistas.
Portanto, o século XX possui condições fomentadoras de ditaduras latino-americanas. Sobre isso, Alan Rouquié (1984) define a “crise de hegemonia” na América Latina, concluindo que a busca de grupos civis por alianças com militares é consequência de uma fragilidade dos grupos dirigentes nesses países.

No caso do Brasil, o processo democrático foi interrompido com a implantação de governos ditatoriais em 1937, dando início a ditadura de Getúlio Vargas até 1945 e em 1964 com a ditadura civil-militar que se estendeu até 1985. No que se refere à Argentina, as Forças Armadas intervieram no processo político insistentes vezes: 1930, 1943, 1955, 1962, 1966 e em 1976. Portanto, sistemas políticos que gozam de pouca autonomia tornaram-se favoráveis à interferência militar em suas vidas políticas, como destaca Rouquié (1984, p. 325):
 
Dessa forma, as oposições cultivam hoje, como ontem, dependências militares, tanto para aumentar seu poder, como para afastar as autoridades do momento, e os sucessivos governos procuram obter uma legitimidade que parece ser decisiva. Os militares por seu lado selam alianças com os partidos (ou com os sindicatos), às vezes simplesmente para satisfazer ambições pessoais, mas na maioria das vezes para reforçar uma tendência ou clã contra seus adversários institucionais.
Nesse cenário, o golpe que interrompeu a democracia no Chile ocorreu em 11 de setembro de 1973. O país era governado pelo presidente Salvador Allende, do partido Unidade Popular, que havia sido eleito democraticamente e conduzia seu governo atendendo a várias demandas sociais. Entretanto, para consolidar o golpe que interrompeu a democracia do país, as Forças Armadas lideradas pelo general Augusto Pinochet, bombardearam o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno. Com isso, depois de várias horas de resistência, o presidente atentou contra a própria vida com um tiro de fuzil, dando início a um longo governo ditatorial que se estendeu até 1990, deixando marcas ainda hoje visíveis no país.

O golpe que implantou a ditadura no Uruguai também ocorreu no ano de 1973, em 27 de junho, com a intervenção das Forças Armadas no governo, fechando o Senado e a Câmara dos Deputados, sob a justificativa de uma necessária reforma constitucional. O presidente Juan María Bordaberry instaurou uma ditadura, a partir de então, colocando na ilegalidade os sindicatos, proibindo o pluripartidarismo, censurando a imprensa e reprimindo as oposições com o emprego de muita violência.

"Os militares por seu lado selam alianças com os partidos (ou com os sindicatos), às vezes simplesmente para satisfazer ambições pessoais..."

(ROUQUIÉ, 1984, p. 325)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROUQUIÉ, A. O Estado militar na América Latina. Rio de Janeiro: Alfa-Ômega, 1984.

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