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Memorial da Resistência de São Paulo

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O Memorial da Resistência de São Paulo é uma instituição dedicada à preservação de referências das memórias da resistência e da repressão políticas no Brasil. A iniciativa consiste na musealização de parte do edifício que foi sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Deops-SP, uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante a ditadura militar.

Em 1997, com o processo de revitalização do centro da cidade, o prédio foi transferido da Secretaria de Justiça para a Secretaria de Cultura, sendo iniciado um projeto de restauração, concluído em 2002, quando passou a se chamar Memorial da Liberdade, sob a gestão da Pinacoteca de São Paulo.

Vale destacar que devido às ações de vítimas da repressão, junto ao poder público, especialmente do Fórum Permanente de ex-presos políticos do estado de São Paulo, foi desenvolvido um projeto museológico, visando ampliar a ação preservacionista. A partir de janeiro de 2002, já adotando o nome de Memorial da Resistência de São Paulo, consolidou seu compromisso de (re)construção da memória política do Brasil. Tendo como objetivo a pesquisa e a comunicação das memórias da resistência e da repressão, de forma a contribuir para a reflexão crítica acerca da história contemporânea do país, da valorização dos princípios democráticos, da cidadania e da valorização dos direitos humanos.

Memorial da Resistência de São Paulo


O Memorial da Resistência de São Paulo, uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo por meio de sua Secretaria da Cultura, é uma instituição dedicada à preservação de referências das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano (1889 à atualidade) por meio da musealização de parte do edifício que foi sede, durante o período de 1940 a 1983, do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Deops/SP, uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante o regime militar.




Memórias pessoais

Maria Luiza Belloque

Maria Luiza Belloque nasceu no dia 13 de setembro de 1946 na cidade de Tanabi, interior do estado de São Paulo. Em 1967 mudou-se para a capital, a fim de ingressar no curso de Pedagogia da USP. Durante a faculdade residiu no Conjunto Residencial da USP (CRUSP), onde conheceu seu marido, Gilberto Belloque, com quem se casou em 1968. Juntos, Maria Luiza e Gilberto, iniciaram suas militâncias de oposição à ditadura civil-militar no final do ano de 1967 através da Dissidência Estudantil do Partido Comunista Brasileiro (PCB), até que em 1969 aderiram à Ação Libertadora Nacional (ALN), atuando em um Grupo Tático Armado (GTA) da organização. Maria Luiza foi presa e torturada em duas ocasiões: a primeira delas em 30 de janeiro de 1970, quando passou pelo Deops/SP, seguido do DOI-Codi/SP até concluir sua pena no Presídio Tiradentes, somando um ano e três meses de prisão; e, em 1974, foi presa pela segunda vez no Deops/SP, onde permaneceu detida por 12 dias e sofreu novas torturas (Texto produzido em setembro de 2015).

BELLOQUE, Maria Luiza Locatelli Garcia. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Kátia Felipini, Maurice Politi e Rodrigo Pezzoia em 31/10/2012.

Marlene Perlingeiro Crespo

Marlene Perlingeiro Crespo nasceu em 28 de abril de 1932 em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. Iniciou sua militância política em meados de 1964 através do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Em 1968, trabalhando em Porto Alegre como professora escolar e vinculada ao Movimento Estudantil foi convocada para participar do XXX Congresso da UNE em Ibiúna/SP, realizado clandestinamente em outubro em 1968. Nesse contexto, foi detida e permaneceu por alguns dias no Presídio Tiradentes. Sob intensa perseguição política, foi demitida do emprego além de sofrer prejuízos na carreira artística que paralelamente alçava. Enfrentando dificuldades financeiras em Porto Alegre, mudou-se para São Paulo e, em 1970, após sofrer outra detenção seguida de um processo, foi absolvida, conseguiu emprego fixo e foi, gradativamente, desligando-se do PCdoB. Até que em 1973, em visita à sua cidade natal, foi presa pela repressão. Transferida para São Paulo, foi conduzida ao DOI-Codi/SP, onde sofreu torturas precisando, por isso, ser internada no Hospital das Clínicas. Em seguida, foi levada para o Deops/SP, onde permaneceu presa por aproximadamente dois meses. Após a soltura, trabalhou como ilustradora em jornais de oposição à ditadura. Atualmente, permanece envolvida com a atividade artística e literária e é anistiada política. (Texto produzido em maio de 2011).

CRESPO, Marlene Perlingeiro. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Luiza Giandalia e Desirée Azevedo em 28/04/2016.

Antônio Prado de Andrade

Antônio Prado de Andrade, de apelido Tico, nasceu no dia 19 de junho de 1951 em Estrela d’Oeste, no interior de São Paulo. Filho de agricultores trabalhou desde os 10 anos de idade na roça ao lado dos irmãos para ajudar no orçamento familiar. Em 1968 vivendo no município de Santa Fé do Sul, teve seu primeiro contato com a Ação Popular (AP) que desenvolvia trabalhos políticos junto à população rural. No mesmo ano, após ser vendido o sítio onde vivia com a família, Tico mudou-se com os irmãos para São Paulo, onde passou a trabalhar como operário na fábrica da Philco. Inserido no contexto das lutas trabalhistas, retomou o contato com a AP frequentando reuniões clandestinas da organização e colaborando com ações de militância. Quando este núcleo da AP é esfacelado pela repressão, Tico aproxima-se de outras organizações atuantes na região de São Mateus e no ambiente fabril: a Juventude Operária Católica (JOC) e a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM-SP). Em decorrência de sua atuação política, foi capturado com sua irmã em 24 de novembro de 1971 por agentes da repressão que os conduziram para o Deops/SP, onde permaneceu preso cerca de um mês. Recentemente, escreveu um livro de memórias compartilhadas intitulado "Um tempo para não esquecer: Ditadura, anos de chumbo".

ANDRADE, Antônio Prado. Entrevista sobre militância, resistência e repressão durante a ditadura civil-militar. Memorial da Resistência de São Paulo, entrevista concedida a Karina Alves e Ana Paula Brito em 22/11/2014.

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