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CONADEP

Sujeitos: Resistência e Repressão
novembro 1, 2018
Abertura democrática
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O s autoritários anos de ditadura argentina deixaram fissuras na sociedade que perpassam épocas e diferentes gerações. Os números estimados de mortes e desaparecidos são assustadores: cerca de 30 mil pessoas, dentre elas donas de casas, estudantes, professores, artistas, etc.

O presidente eleito democraticamente, Raúl Alfonsín, assumiu em 10 de dezembro de 1983, com a difícil função de buscar a verdade sobre o passado repressivo, a fim de fazer justiça com a reparação de vítimas e de seus familiares, das atrocidades cometidas. Para tanto, criou no quinto dia de seu governo uma organização denominada CONADEP (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas), com a importante função de investigar o passado violento, imediatamente após a ditadura argentina.

A CONADEP era presidida pelo jornalista Ernesto Sábato que iniciava um intenso trabalho em seção aberta em 22 de dezembro de 1983. Foram recebidas nove mil reclamações, com sete mil testemunhos de sobreviventes, indispensáveis para o julgamento dos integrantes da Junta Militar. Sendo computados 8960 desaparecidos e 380 centros clandestinos de detenção encontrados em diversas regiões da Argentina. Dentre esses, o mais emblemático: ESMA, Escola Militar da Armada, um dos maiores centros de detenção, tortura e morte da ditadura argentina.

Um elemento macabro do ESMA era uma maternidade, onde muitas crianças nascidas ali, filhas de mulheres detidas, eram raptadas pelos repressores. Assim, muitos jovens na Argentina, descobriram tempos depois da ditadura, que não eram filhos biológicos de seus pais que haviam torturado suas mães em centros durante a ditadura militar. Além dos sequestros de bebês, ocorria nesses lugares, a retirada dos presos que eram drogados e conduzidos para os chamados “voos da morte”, em que pessoas eram lançadas ao mar de aviões militares.

Ocorreu na Argentina o maior julgamento do país com 54 indiciados por crimes contra 789 vítimas do ESMA. Sendo condenado à prisão perpétua o ex-capitão Alfredo Astiz e Jorge Acosta pelos terríveis “voos da morte”. A justiça argentina, graças aos trabalhos da CONADEP de investigação do passado emblemático de ditadura com os valiosos testemunhos pessoais de vítimas, comprovava a existência de cruéis planos sistemáticos de eliminação, postos em prática entre 1976 e 1983.
“Era exatamente aqui, neste espaço, que ficava a enfermaria e onde agora estão vocês. Eles eram levados por estas rampas até um caminhão no pátio. Isso acontecia às quartas-feiras. Os escolhidos tinham que parar quando escutavam seu número e caminhar até aqui em fila indiana”. Relato de Miriam Lewi, presa durante dois anos no ESMA, aos visitantes do local que hoje é um memorial que fica no coração do elegante bairro de Núñez e organiza visitas mensais com sobreviventes.

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