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Os anos de chumbo da ditadura brasileira
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A ditadura implantada no Brasil em 1964, inicialmente pensada pelas direitas que a apoiaram, defendendo ser esta de caráter provisório para restaurar a “ordem” e combater o “comunismo”, prolongou-se por 21 anos (1964 – 1985). Apresentando, por conseguinte, uma escalada de autoritarismo, sobretudo, entre 1964 e 1978, legitimado pelos Atos Institucionais que concederam amplos poderes ao Executivo e cercearam as liberdades dos indivíduos.

De 1964 a 1985, as Forças Armadas assumiram o comando político, exercendo o controle sobre a vida das pessoas, com a ruptura da democracia, a partir da deflagração do golpe em 31 de março de 1964 que interrompeu o governo do presidente João Goulart.
Durante os anos de 1960, existia uma forte polarização na sociedade brasileira: de um lado estavam movimentos que reivindicavam transformações sociais, com mobilizações que defendiam uma sociedade mais justa; de outro, associações que se opunham a esses movimentos e alegavam que estavam contaminados por ideologias comunistas. Dentre os movimentos que atuavam nos anos de 1960 destacavam-se os estudantes representados pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e JUC (Juventude Universitária Católica), operários ligados à Central Geral dos Trabalhadores e as Ligas Camponesas. Entretanto, associações como Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e Instituto de Pesquisa e estudos Sociais (Ipes), assim como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), opunham-se a essas mobilizações, mostrando um forte apoio à ditadura.

Esse quadro de tensão social foi aumentado com a defesa pelo então presidente do Brasil, João Goulart, das Reformas de Base, que contrariavam os interesses estrangeiros e causavam descontentamento entre as elites dominantes. Em 13 de março de 1964 o presidente anunciava as reformas em comício com aproximadamente 300 mil pessoas na Central do Brasil, dentre elas: reforma urbana, educacional, eleitoral, tributária e a polêmica reforma agrária. Esta visava facilitar a terra a milhões de trabalhadores do campo.
 
Além das reformas, Jango também aprovou a Lei de Remessa de lucros que visava limitar o envio de dólares de empresas estrangeiras para o exterior, causando uma forte oposição de empresários e setores conservadores.

Muitos protestos foram organizados contra o governo de João Goulart, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, passeata de senhoras católicas, empresários, representados por organizações como Ibad e Ipes e classe média de São Paulo. Nesse cenário, a crise econômica e a demonstração de parte da sociedade de apoio à ruptura do governo Jango foram elementos fomentadores para o golpe militar em 31 de março de 1964.


Devido ao amplo apoio de setores da sociedade civil, muitos pesquisadores do tema denominam de ditadura civil-militar instaurada em 1964 até 1985. Período em que os militares assumiram o comando político do país, com o apoio de empresários nacionais e estrangeiros e com a entrada de capital internacional que promoveria o crescimento da economia, afinal essa era uma das justificativas do golpe.
Durante 21 anos os brasileiros tiveram suas liberdades cerceadas, ao longo dos mandatos de cinco presidentes militares (Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo), escolhidos por um colégio eleitoral em uma fase da história da República recente marcada pela censura, prisão, repressão de muitos que se opuseram ao governo autoritário.

O governo militar utilizou um aparato jurídico que legitimava a repressão durante esse período, eram denominados de Atos Institucionais (AI), isto é, normas jurídicas superiores decretadas pelos militares que se sobrepunham à Constituição. Dentre esses, o mais emblemático foi decretado em 13 de dezembro de 1968: o AI nº 5 que dava amplos poderes ao Executivo e fechava o Congresso Nacional por tempo indeterminado, dando início a uma fase ainda mais repressiva da ditadura militar brasileira, os chamados “anos de chumbo”, período marcado pelo aumento da censura e perseguição praticados pelo governo autoritário.

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