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Memória e Esquecimento

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A memória, como ato de recordação do passado, também opera com a seleção dos sujeitos e fatos que irão ser lembrados, o que também implica naqueles que serão esquecidos. Assim, tanto a memória como a História estabelecem uma seleção dos elementos considerados relevantes para a sua (re)constituição. Há uma relação intrínseca entre memória e poder em um jogo de forças que tem se mostrado bastante presente na dimensão historiográfica, jurídica e política.

No conto do escritor argentino Jorge Luís Borges, o personagem Funes, o memorioso, após um acidente foi colocado no limite da vida e da memória, não podia esquecer nada. Ao tornar-se o “homem memória” que nada selecionava foi consumido pelo peso de suas recordações numa dimensão de totalidade que o enlouquecia. Com isso, vislumbramos a necessidade de selecionar e ressignificar o passado, atualizando-o a partir das demandas do presente.
Portanto, o caráter seletivo da memória implica numa adição, bem como numa subtração do que vai ser rememorado em um dado momento sociopolítico, a fim de atender a determinados interesses. A memória pode ser um instrumento de luta pelas vítimas de guerras e de regimes autoritários contra a hegemonia do esquecimento de grupos oprimidos em determinados períodos.

Imerso em tal contexto, tem-se um embate entre memória e esquecimento, a partir de interesses e questões que são postos em um determinado momento político, atendendo às diferentes demandas. O que será lembrado e o que será esquecido do período ditatorial no Brasil e na Argentina é resultado de um jogo de disputas que envolvem várias questões. Dentre elas, os processos de transição ditadura-democracia nesses países e os grupos que assumiram o poder durante a redemocratização, já que essa questão pode interferir intensamente nos embates e disputas da memória e do esquecimento das ditaduras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Jorge Luís. Funes, o memorioso. In: Ficções. São Paulo: Globo, 1995.

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