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Os anos de chumbo da ditadura brasileira

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N o emblemático ano de 1968, Costa e Silva era o presidente do país e representava os militares de linha-dura que tinham uma postura mais favorável à repressão. Dessa forma, foram intensificadas as práticas persecutórias, por outro lado, a população que resistia também intensificou a oposição com protestos e diversas estratégias de luta contra a ditadura.

Nesse cenário, o governo Costa e Silva, em resposta, decretava o Ato Institucional nº 5. Esse instrumento ampliava os poderes do Executivo que passaria a ter a competência de elaborar as leis, ordenar a intervenção nos estados e municípios, cassar mandatos de políticos eleitos, bem como fechava o Congresso Nacional por tempo indeterminado.

Meses depois do AI nº5, o presidente que sofreu um derrame cerebral afastou-se, sendo indicado outro general para assumir o governo: Emílio Garrastazu Médici. Era um período de muita repressão no país com a invasão de universidades e perseguição de muitos que se opuseram ao governo, sendo considerados “subversivos”. Além disso, era implantada uma rigorosa censura aos meios de comunicação e o aperfeiçoamento de órgãos de repressão como os Departamentos de Ordem Política e Social (DOPS) e Destacamento de Operações Internas e Centros de Operação de Defesa Interna (DOI-Codi).
Muitas estratégias de tortura como choques elétricos em partes íntimas, afogamentos, paus de arara eram utilizadas para reprimir as oposições e fazer com que os presos entregassem nomes de outros que eram acusados de “subversivos”. Muitas dessas vítimas não resistiam às torturas chegando a morrer no local da repressão.

Convém destacar que além da violência, o governo de Médici foi marcado também pela articulação de uma enorme propaganda de massa veiculada a slogans como “Ninguém segura este país”, “Brasil: ame-o ou deixe-o” e marchinhas que apresentavam letras instigando o nacionalismo ufanista. Como estratégia de divulgação de seus projetos, o governo militar passava a fazer uso da televisão, que nesse período ampliava sua atuação no país como meio de comunicação social. Segundo Fausto (2001, p. 484): “as facilidades de crédito pessoal permitiram a expansão do número de residências que possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a 40%”.
 
Integrava essa propaganda governamental com expressão nunca antes vista em períodos anteriores, a divulgação do programa econômico que a propaganda oficial denominou de “Milagre brasileiro” integrado a grandes projetos como a Transamazônica que transmitia a ideia de governo comprometido com o crescimento do país. Antônio Delfim Netto, Ministro da Fazenda do governo Médici promovia o crescimento da economia com base na elevada utilização de capital estrangeiro com investimentos diretos de empresários.

Em corolário desse plano econômico ocorreu uma rígida política de congelamento de salários e concentração de renda. Dessa forma, o próprio presidente Médici admitia que “a economia vai bem, mas o povo vai mal”. Esse período de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e da produção industrial no Brasil foi interrompido em 1973 com a primeira crise do petróleo, já que era um crescimento que não se baseava em forças nacionais, mas no endividamento externo.


Com a falência do suposto milagre econômico, a ditadura perdia um de seus argumentos de sustentação, já que a grave crise ocorrida com o aumento do preço do petróleo revelava que o governo militar não era capaz de promover o crescimento da economia. As oposições organizavam-se para a reivindicação da volta da democracia que, no Brasil, decorreu de um processo muito lento e comandado pelos próprios militares, agentes do Estado autoritário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.

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